Nascido e criado na Póvoa de Varzim, o médico de imediato se fez notar pelo brilhantismo que evidenciava no meio escolar, granjeando o respeito e admiração, quer dos colegas, quer dos professores.
A entrada na Faculdade de Medicina do Porto foi uma sequência lógica das capacidades intelectuais demonstradas enquanto adolescente.
Licenciado em Medicina com 19 valores e elogios unânimes dos Mestres que o acompanharam durante o curso, logo aplicou todos os conhecimentos adquiridos no exercício da profissão na sua cidade, atendendo todos os doentes independentemente do seu estrato económico ou social.
Esse comportamento valeu-lhe a admiração ímpar dos seus conterrâneos, que nutriam pelo médico um enorme carinho.
O elevado profissionalismo permitiu-lhe adquirir um estatuto económico invejável.
Por todos estes motivos decidiu, após convite de vários amigos e companheiros de muitos anos, candidatar-se a Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.
Foi eleito sem margem para qualquer dúvida, com uma esmagadora votação, deixando o seu mais directo concorrente rendido à sua popularidade.
A sua cidade estava devastada por um poder autárquico destruidor e manipulador.
Não se incomodou.
Iniciou o seu trabalho virado para educação dos jovens e para a protecção da terceira idade.
Construiu várias creches, de forma que todo e qualquer casal, independentemente do seu poder económico, pudesse ter a garantia de que os seus filhos estavam a ter a educação indispensável para virem a ser uns bons adultos.
Construiu escolas para que os jovens pudessem usufruir de boas condições de estudo, com salas com o máximo de dez alunos e com regras de educação e respeito entre alunos, e entre alunos e professores.
Permitiu, com a construção de equipamentos desportivos, o acesso à prática de desporto, sem qualquer custo, por todo e qualquer jovem, desviando-os de actividades marginais para as suas idades.
Como resultado destes projectos, o Varzim Sport Clube recuperou da agonia financeira em que se encontrava, mantendo na sua equipa principal jogadores formados nas suas escolas, o que para além de aliviar custos com as contratações do Mercado de Inverno tão ao gosto do saloio do seu Presidente, permitia a venda de alguns talentos para grandes equipas.
Esse facto trouxe, como consequência, um outro deveras importante:
A massa associativa do clube passou a comparecer em peso nos jogos no estádio, fazendo com que o clube passasse a auferir receitas valiosas para os objectivos traçados: o regresso à Liga principal.
Obviamente que os “vampiros do cimento” não gostaram nada de saber que os projectos para a Póvoa de Varzim passavam pela construção de hospitais e lares de idosos, empreitadas que dão muito trabalho e pouco lucro.
Foi pressionado para a realização de grandes obras, túneis, parques subterrâneos, prédios com vinte andares.
Criou inimizades entre os “amigos do cimento”, mas a todos resistiu.
Ficou com as Finanças da autarquia num estado lastimoso.
Mas, a construção de um Parque Tecnológico, com todos os equipamentos necessários para a aprendizagem da informática por todos os seus conterrâneos, levou a que a mão-de-obra poveira fosse das mais qualificadas do país e da Europa.
Isso levou a que as empresas que já cá estavam há dezenas de anos continuassem a apostar na alta qualificação dos jovens, mantendo no concelho todas as suas estruturas empresariais e apostando em novos investimentos altamente rentáveis.
Outras empresas vieram em busca dessa mão-de-obra tão famosa, garantindo em poucos anos uma situação de quase pleno emprego no concelho.
Por via disso, e pela elevada qualidade da educação ministrada na cidade, a criminalidade baixou consideravelmente, restando apenas alguns focos isolados de indivíduos que surgiam atraídos pela noite de diversão poveira.
Não obstante, a intervenção preventiva da PSP, com os seus agentes vestidos à civil e circulando entre os transeuntes, permitiu reduzir a zero a criminalidade.
Apenas a marginal, que bordeja a praia, ficou necessitada de uma intervenção estética, algo que mereceu, de imediato, fortes críticas da oposição.
No entanto, as inconfundíveis areias da praia da Póvoa mantinham-se limpas e saudáveis todo o ano, o que permitia a todos usufrui-las sem qualquer receio de contaminação.
A fria água do mar também estava limpa e verde, como todos nós a conhecemos, sem qualquer sinal de poluição, fruto de uma política empenhada de construção de saneamento básico em todas as freguesias e do tratamento dos esgotos, evitando que os mesmos fossem lançados no precioso oceano de iodo que nos banha.
Essa água e essa areia ficaram famosas pela sua qualidade, fama que ultrapassou fronteiras e motivou a cobiça de grandes empresas do sector hoteleiro que passaram a ter a Póvoa de Varzim como um destino de eleição para férias de qualidade.
Novos e vários hotéis surgiram por toda a marginal, avançando por Aver-o-mar, Aguçadoura e Estela, criando imensos postos de trabalho na área do turismo, para a qual os poveiros tinham as necessárias habilitações, fruto de uma educação e formação profissional diversificada.
O homem foi considerado um génio.
Não. O médico de que falo não é o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.