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Para o Tone o Zé era o Zé e para o Zé o Tone era o Tone. Sempre fora assim desde que se conheceram. O tratamento veio da amizade que ambos nutriam um pelo outro. Quando o Zé passou a ser o que é, Tone continuou a tratar o Zé por Zé e Zé continuou a tratar o Tone por Tone. Mas só quando estavam os dois sozinhos. Tone não era tratamento público para o Tone e Zé não o era para o Zé. Tone divertia-se muito a aplicar processos disciplinares aos seus amigos funcionários. Foram vários corridos com reforma compulsiva. Tone vibrava com os castigos. Um dia Tone teve uma crise de masoquismo e falou com o Zé que compreendeu o Tone, apesar de pouco entender. Tone queria ser castigado como os outros o foram e falou com o Zé que disse que sim, mas que não queria o nome dele, Zé, metido nisso porque podia dar raia, essa história de masoquismo e chicotes. Porque tinha medo disso Zé fugiu para o Brasil e esteve lá uns dez dias até o Tone se autoflagelar adequada e satisfatoriamente. Tone sentiu na pele os castigos que antes aplicara a outros e aí compreendeu a satisfação física e mental que provocava. A partir desse momento Tone nunca mais sentiu remorsos. Nunca pensou que alguém viria a descobrir que era masoquista.
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