sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

que canseira!

Por volta das 10 horas da manhã Zé sai de casa. À porta o obediente motorista espera enquanto ouve as notícias da Onda Viva:



Quem está a falar Doro? Pergunta o Zé.

É o São.

Eh eh eh! Este São é poreirinho. Um boca rota do carago. Perigoso. Inda me lembro quando ele me apareceu em 2005 com o fato de casamento para ser vereador. Eh eh eh! Coitado. Tive pena do hominho.

Ora podes seguir Doro.

Prá câmara Zé?

Antão querias que fosse pra onde? Eh eh eh! Ai! Hoje tenho muito que fazer. Os meus projectos estão a andar muito lento. Vou ter que meter uma cunha no Buenos. Eh eh eh! Ai dele que me torça o nariz!

Chegado à Câmara, Zé viu uma multidão. Oh raio! Que é isto? Querem-me bater?

Num sei Zé. Disse o Doro motorista.

Raios partam. E agora?

Entra pelos fundos.

Antão cobre-me Doro.

Zé acelerou e entrou em passo de corrida nas traseiras da Câmara, as mesmas que Tone utilizava para picar o ponto aos fins-de-semana e ir jogar ténis.

Aquele Tone é que era fino, o cara de carago. Enganou-me bem quando eu estava no Brasil. Diz Doro, diz comigo:

Enganou-te bem quando estavas no Brasil.

Temos que repetir isto muitas vezes para aqueles caraigos do PS acreditarem.

Chegado ao Gabinete, já Zé tinha o “El Pais” e o “Le Monde” na secretária, sobrepostos sobre o Jornal de Notícias.

Pegou no “El Pais”: Ora, la la la. Nuestros hermanos estom preocupados. Pois estão. Também eu estava se estivesse no lugar deles.

La la la. Galiza busca investimiento en el Norte de Portugal. Eh pá. Investimento é aqui na Póvoa, pensou ele.

Depois começou a ler a notícia muito devagar e reparou que era investimento em saúde e em ambiente.

O quê pá? Isso num dá tacho pá, falava ele para o jornal com a boca encostada à notícia.

Vamos ao “Le Monde”. Está chato o dia hoje.

Filipe D’artagnan, ministre des obres publiques… … D’artagnan? Isto é nome de ministro? E os três moscãoteiros pá, gritou ele mais uma vez, já arreliado com o tempo perdido a traduzir as notícias.

Vou mas é passar ao Jornal de Notícias. Este é que é um jornal que dá gosto.

Ora vamos lá:

“Menina brasileira atende homens…….”

Oh carago. Enganei-me na página. Foi o meu filho que andou a mexer no jornal.

“SANTANA LOPES É CANDIDATO A LISBOA”

Este gajo num vale nada. É mais alto do que eu. Já chega de tanta burrice. Vou telefonar à Manela:

Triim Triim!

Do outro lado uma voz cavernosa:

Sim sim!

Ainda num sabes quem é e já estás a dizer sim?

Sim sim!

É o Zé.

Que Zé?

O da Póvoa.

Já acabaste o Tabu?

Qual? O filme?

Que filme home?

Antão foste escolher o Santana Lopes?

Estava a pensar em ti, mas tu ainda num decidiste.

Ei pá. Dizias-me que eu alinhava.

Estava aqui a ler o Jornal de Notícias, digo, o Le Monde, e vi o Santana Lopes e fiquei indignado.

Deixa lá, tu já estás reformado.



Aqui Zé ia perdendo as estribeiras.

Valeu-lhe a entrada no Gabinete da André Eia.

Eh eh eh! Num está mal, num está mal. Onde está o teu chefe menina?

Está a tomar chá com as professoras grevistas.

Grevistas?

Sim. Aquelas que estavam lá fora.

O teu chefe num tem unhas. Tinha-as eu convidado e zás, fazíamos aqui uma caldeirada de peixe. Eh eh eh! A chazinho este Tino num vai lá. Eh eh eh! Já num se fazem homens como antigamente, na base do chicote. Eh eh eh!

Que é feito do Azeite pá? Nunca mais vi esse home pá. Vou-lhe ligar.

Tá Azeite?

Sim sim.

Que estás a faxer?

Estou a comer rabanadas do concurso.

Eh eh eh! Rabanadas. És o maior. Num é qualquer um que come rabanadas. E são carnudas?

Não. São de pão.

Eh eh eh! De pão. Nunca tinha ouvido falar de rabanadas de pão. Esta juventude agora é assim.

Num tens aparecido nos jornais pá?

O Buenos num quer. Diz que eu pisei a poça.

E pisaste?

Pisei mas não sei qual poça.

Pois é. Aguenta, aguenta que eu também aguentei.

Para os seus botões: está arrumado na prateleira este Azeite.

Vou ligar ao Buenos. É verdade, é melhor não, senão ainda diz que eu num sou o candidato. O home às vezes perde a compostura. Sei lá, pode ter o Bernardo para o meu lugar, ou o Gato Preto, ou até o Chapeuzinho. Eh eh eh! Que pratos do carago.

Deixa-me falar aqui com a Cristininha. Cristininha há alguma coisinha para agora de manhã?

Há aqui um munícipe que quer fazer uma reclamação e o resto da manhã está livre.

Olha! O Munícipe que vá reclamar às Finanças, eh eh eh, e o resto do tempo diz que estou em serviço esterno, ao serviço da autarquia. Percebeste Cristininha?

Percebi sim.

Prontos. Agora vou dormir aqui um soninho até à hora do almoço.


















3 comentários:

Anónimo disse...

Eu estou mais preocupado com os velhinhos que estão a ser induzidos a comprar colchões e a pedir empréstimos ao Citibank, pelo telone.

Há tantas injustiças neste mundo, vou-me lá preocupar com o Zé Maio :)

Anónimo disse...

A rotina do "muito que fazer" dá nisto! Uma canseira, a vida do Zé Dezembro(não estamos em Maio...).

Anónimo disse...

Então e a Camila, evaporou-se???
Camila!!!, meu amor!!!, porque não dizes nada???, tenho saudades tuas, vem cá e diz-nos porque defendeste nesta ultima assembleia Municipal o Zé Vieira e explica-nos porque votaste a favor dum plano e orçamento para 2009 tão miserável para todos nós, diz-nos lá Camilinha!!!!