quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

sessões de câmara (3) ser oposição





Ser oposição nas autarquias é uma tarefa ingrata.


Os autarcas com maioria política trabalham para asfixiar os eleitos da oposição, recusando a aplicação de eventuais propostas apresentadas, denegrindo o seu comportamento político, criticando as suas declarações públicas e proibindo a colaboração dos funcionários em qualquer iniciativa por eles engendrada.



Tudo com o apoio discreto dos órgãos de comunicação social locais, uns de forma mais descarada, outros sob o manto da suposta independência política.



Vale tudo para manter a perpetuação no poder.



Exemplos existem, porém, de autarcas que não se enquadram no comportamento acima referido, quer porque a sua cultura política é virada para a satisfação dos interesses dos cidadãos eleitores, quer porque desde muitos jovens aprenderam que a democracia é um regime onde todos têm voz, onde todos podem criticar e onde todos podem exprimir a sua criatividade.



A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim através desse autarca modelo que é o Dr. Macedo Vieira, tem sabido dar voz às ideias da oposição, quer atribuindo tarefas aos respectivos vereadores, quer estudando com afinco as suas propostas, quer ainda pela disponibilidade em estudar conjuntamente aquilo que se verifica ser melhor para os interesses da população.



O que vinha a acontecer, principalmente com o Arq. Silva Garcia, é uma constante afronta ao trabalho desencadeado pelo Dr. Macedo Vieira, quer boicotando o seu programa eleitoral, quer tentando que o seu seja implementado nas sucessivas reuniões de Câmara.



Nem sempre foi assim, porém, o relacionamento com os vereadores da oposição, como aliás o Dr. Macedo Vieira não se cansa de repetir:



Veja-se o exemplo de Joaquim Cancela, um homem que trabalhou no duro, circulando a ideia, ainda hoje, que a Câmara da Póvoa é uma Câmara CDU, face ao ineditismo socialista que caracteriza a maioria das suas ideias.



Veja-se o exemplo de Gil da Costa, eleito pelo PS, ainda hoje tido por todos os autarcas laranjas como o melhor vereador da oposição desde o 25 de Abril, pela facilidade com que assimilava as propostas da bancada social-democrata.



Já Carlos Mateus e José Cerejeira, o primeiro eleito pelo CDS e o segundo pelo PS nas autárquicas de 2001, são casos que devem ser analisados com mais cuidado, à luz de circunstâncias várias que definiram a política autárquica do Dr. Macedo Vieira, nomeadamente a grave crise internacional que afectou os mercados bolsistas em 2002.



Acho eu.



Foi de coração aberto que Macedo Vieira recebeu estes dois novos autarcas, pujantes de ideias, de soluções, de propostas, um vindo da Presidência do Clube Desportivo da Póvoa, outro em funções como Presidente da Associação de Bombeiros.
Dois pesos pesados, diriam os analistas políticos da época.



Foi o que pensou o Dr. Macedo Vieira. E em boa hora o pensou, porque ficou a saber com quem estava a lidar.



Repare o leitor como o Dr. Macedo Vieira sentiu que havia ali dois jovens vereadores brilhantes.



Na época, Fevereiro de 2002, havia necessidade de proceder à actualização do tarifário de saneamento básico, revendo toda a regulamentação relacionada com a matéria.



Uma tarefa gigantesca, só ao alcance dos mais iluminados.



Na reunião respectiva, Macedo Vieira logo declarou: eu num perxebo nada disto. Sou um zero em saneamento.



Aires Pereira fez coro: é preciso ser muita bom para criar um regulamento relacionado com o saneamento. Bolas!



Os outros entreolharam-se desconfiados.



Carlos Mateus fez peito e olhou em frente, fazendo o sinal da cruz.



José Cerejeira batia com os dedos na mesa, resultado da sua experiência como funcionário da autarquia vilacondense.



Ambos foram nomeados para resolver esse imbróglio.



Ambos sentiram que estavam a ser úteis à sociedade.



Ambos sentiram que o contributo que iriam dar poderia conferir-lhes o necessário alento para sonhar que um dia, um dia, poderiam ser Presidentes da Câmara e, dessa forma, suceder ao pior desde o 25 de Abril de 1974.



Macedo Vieira e Aires Pereira é que pensaram de outra forma:



Não lhes atribuindo qualquer pelouro, porque não interessava atribuir, acenavam-lhes com uma tarefa gigantesca e maçadora, que eles não queriam pegar de forma alguma, e obrigavam-nos a estar calados quanto à sua eventual participação na vida autárquica.



Não têm pelouros, mas temos atribuído tarefas que são importantes para todos, declaração que haviam preparado para a sempre faminta imprensa poveira.



E desta forma se cala a oposição.


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