Foi em ambiente de festa e animação que o PSD de Aires Pereira comemorou os seus bem sucedidos 18 anos de existência.
Com uma casa cheia de 200 pessoas, quando se esperavam 500, o que não aconteceu porque o autocarro da Linhares que iria fazer a recolha dos convivas pelas freguesias avariou porque não tinha a inspecção anual regularizada, o convívio decorreu num ambiente de boa disposição.
Na Presidência da Mesa estava Buenos, o mais alto representante do PSD de Aires Pereira, acompanhado pelo seu candidato Sargenor, bem como pelo Presidente da Concelhia, Tino, e do Presidente da Junta de Freguesia, Garrafão de Vinho.
O repasto iniciou-se com boroa e azeitonas pretas, o que obrigou os convivas a um esforço redobrado para colocar as côdeas nos dentes certos e evitar os caroços, que incansavelmente molestavam os caninos dos respectivos.
O Tinto da Talha sorvido sofregamente por alguns presentes ajudou a compensar a secura que um jogo de futebol, a meio da tarde, inexplicavelmente criou.
Tudo corria serenamente.
Sargenor vais discursar sobre quê?
Vou falar do PS.
Eu também já ia falar do PS.
Falamos os dois antão.
Num tens projectos pra falar tu?
Projectos é cuntigo. Tu é que és o obreiro do desenvolvimento urbanístico da Póvoa.
Mas fala tu também.
E que projectos vou falar?
Os mesmos de sempre: a obra emblemática da avenida, o parque da cidade, a praça do Almada, o “vem aí o Garrett”, o mercado municipal, o projecto do Varzim. Como vês num falta obra.
De repente ouviu-se na sala uma voz inflamada:
Meus amigos. Só vos quero dizer uma coisa: esses senhores do PS têm é inveja do nosso trabalho. E digo-vos mais meus amigos… …
Lá está ele a deitar por fora. Oh Kilores! Quem foi que serviu vinho ao Disque Faria?
Eu pus-lhe água do Fastio à frente, mas ele lavou as mãos e passou no cabelo.
Este gaijos num podem ver vinho! Fosda-se!
De repente, levanta-se o Rojão e grita:
Diz curso! Diz curso! Diz curso! Aferreá! Há! Aferreé! É!
E começa a discursar:
Meus amigos! Somos jovens e solteiros e para nós escola escreve-se com “i”.
Este também já anda na bumba tão novo?
Parece que o pai tem umas pipas lá em casa.
Estás bem informado Tino.
Já irritado Buenos levanta-se e começa a discursar.
Toda a gente se calou.
Meus amigos, camaradas e companheiros! Começou ele.
Quero lançar aqui um pedido ao meu amigo e camarada Tino.
Aqui Tino coloca a mão por trás da orelha, estilo Saramago, ele que pretende seguir a carreira de poeta.
Tino! Ai que me faltam as palavras de emoção!
Repito: Tino, pá, peço-te que te candidates por mais dois anos.
Aqui Tino entrou em choro convulsivo, até porque o restaurante levantou-se em peso para aplaudir.Tino levanta-se, vira-se de costas para a plateia e mostra a inscrição na camisola, apontando com os dois polegares, estilo Cristiano Ronaldo:
TINO, O ANTI-HERÓI
Tino exclamou emocionadamente:
SIM!
Isso quer dizer que aceitas Tino?
Quer dizer.
Quer dizer o quê?
Que aceito.
Dá cá um abraço Tino.
Nesta altura começou o cochicho na sala sobre o real sentido daquele abraço.
Buenos continuou com outro repto:
Sargenor! Quero que sejas o meu candidato, se te apetecer.
Sargenor arrumou a gravata laranja, levantou-se, apertou o cinto e o fecho das calças e disse:
É muito cedo. Daqui a duas horas perguntainde-me.
Buenos é que já muito choroso continuou com visíveis dificuldades:
Meus amigos!
Lamento ter sido criticado no jantar do PS por esses senhores.
Apoiado! Alguém gritou.
Apoiado o quê, pá?
Buenos já ia partir para a violência, no que foi contido por Azeite que optou pela via pacífica de resolver as questões como mais à frente se verá.
A custo Buenos sentou-se.
De seguida, tomou a palavra Sargenor, o qual evidenciava sinais de que arcava com toda a responsabilidade do futuro do PSD de Aires Pereira.
Para os mais próximos murmurou:
Sou sempre eu pá!
Meus amigos e camaradas! Começou ele por dizer.
Quero agradecer a todos os Presidentes de Junta, menos ao de Terroso, que vá cucaralho, a presença neste meu jantar de aniversário… … Aqui Buenos foi acometido de um ataque de tosse.
É com grande satisfação que vejo aqui ao meu lado o Sr. Presidente da Junta de Aver-o-mar, o Sr. Dr. Adelino Maçãs, o que mostra que ele está comigo… …
Aqui Garrafão de Vinho ficou confuso, ele que não é de Aver-o-mar nem se chama Adelino.
Buenos é que tentou avisar Sargenor do erro, em vão porém.
O Sr. Presidente da Junta de Aver-o-mar está a fazer um trabalho excelente, porque está a colocar pedra nas ruas, passeios nas estradas e canos no esgoto e, por esse motivo, está aqui sentado ao meu lado direito, ao lado de Deus pai… …
Oh Sargenor, disse Buenos já irritado, o de Aver-o-mar num está aqui.
Num está? Mas ele estava no jantar do PS.
Deixa-lo tar. Deixa o home pá!
Sargenor acabou o discurso com a lengalenga do costume, projectos para a Póvoa, passados e futuros, do século e do ano, do Verão e do Inverno, do equinócio e do solstício, e nunca mais se calava.
Com o efeito do vinho, boa parte dos convivas já dormia.
O jantar terminou com a oferta de brindes a cidadãos que foram vítimas de injustiça da Câmara, a qual e desta forma pretende antecipar o espírito natalício próprio da época de eleições.
O momento de maior emoção verificou-se quando o vereador Azeite entrega o contrato de arrendamento ao Sr. Venâncio, que havia visto a sua padaria ser quebrada por funcionários da autarquia comandados pelo Kilores e supervisionados por agentes da PSP, que o leitor pode lembrar AQUI, e nas fotos seguintes.
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